Empreendedorismo
pode ser definido como uma metodologia de geração de riqueza e,
também, de desenvolvimento social. O individuo empreendedor é um
ser pró-ativo, capaz de criar e tomar iniciativas favoráveis a si e
aos outros. O empreendedor pode engrandecer toda sociedade ou apenas
ir em busca de seu crescimento financeiro e social. Uma sociedade
empreendedora, onde vários setores alcançam crescimentos,
provavelmente será uma sociedade capaz de ampliar suas captações
de recursos.
Quando
Fernando Dolabela expõe os fatos que geraram a Pedagogia
Empreendedora, ele ressalta os problemas sociais presentes na
realidade brasileira como impulsores desta iniciativa. A metodologia
foi desenvolvida ao relacionar empreendedorismo com desenvolvimento
sustentável, o consultor idealizou que para ter cidadãos
empreendedores, precisava ter jovens empreendedores e para moldar
jovens, a melhor opção seria agregar o valor do empreendedorismo
nas concepções da Educação Básica.
A
Pedagogia Empreendedora não tem como principio educar empresários,
mas o espírito empreendedor pode ser disseminado em todas as áreas
do sistema social. O intuito desta Pedagogia é de inspirar seres
empreendedores no seu jeito de ser, formando cidadãos autônomos,
capazes de empreender e modificar suas próprias vidas. A expansão
dos conceitos empreendedoristas como método de valorização do ser
pode gerar uma sociedade mais democrática, de acordo com a fala do
próprio elaborador da Pedagogia Empreendedora, que tem como foco
final a comunidade:
“Porém,
trabalha-se o individuo por que, dentro da Pedagogia Empreendedora, o
empreendedor é um individuo que gera utilidade para os outros, que
gera valor positivo para sua comunidade. Assim procura-se desenvolver
as comunidades através das pessoas” (p.128)
As
propostas da Pedagogia Empreendedora começaram a ser criadas em 1999
e foram elaboradas durante três anos. A entrevista analisada foi
concedida em 2004, pouco tempo após o inicio da execução desta
metodologia, contudo já apresentava números significativos de
aplicação. As primeiras crianças e profissionais envolvidos
começavam a conhecer aquela aplicação e não sabiam os resultados
que estas mudanças poderiam alcançar.
Estamos
em 2013, nove anos após a entrevista de Dolabela, e ao analisarmos o
cenário educacional atual é perceptível que pouca coisa mudou.
Porém, mudou. Dentro deste universo ainda esbarramos com pouca
infra-estrutura, baixos salários e concepções de ensino duvidosas,
contudo, em alguns locais (mesmo sendo estes, pontos espalhados pelo
país) encontram-se adolescentes diferenciados, pró-ativos e
empreendedores, diferente do perfil de um adolescente de uma década
atras.
O
adolescente de hoje era uma criança quando esta Pedagogia começou a
ser implementada. Vários jovens de agora foram influenciados pelas
ideologias empreendedoras ou por respingos dela, assim como diversos
educadores vem se alimentando destes métodos ao longo destes anos.
Muita coisa tem mudado, o Mundo é diferente e os adolescentes
possuem perfil mais ativo e são mais informados, podendo saber mais
e mais rápido que o adolescente do passado. E eles conseguem acesso
as estas informações de forma mais ampla e abrangente através das
mais diversas inovações que vem surgindo neste período também.
Assim como a pedagogia, diversos setores sociais vem se modificando,
apresentando este perfil empreendedor e dinâmico em toda sociedade.
Se
o jovem de hoje é mais apto a receber informações e vem sendo
moldado para ser empreendedor, acredita-se que são jovens capazes de
mobilizar ações que possam enriquecer e valorizar suas comunidades. A educação é a base da sociedade, o que o aprendiz absorve durante
sua fase escolar é o que ele vai levar para sua vida adulta e,
consequentemente, como ele vai proceder diante suas relações
sociais.
Analisando
a escola, podemos dizer então que ela nada mais é que o meio pelo
qual molda-se pessoas para o amanhã, ou seja, educa-se da maneira
como se espera que o aluno se porte socialmente em cerca de 10 anos.
Já formaram senhores e escravos, já modelaram líderes e
subalternos, já ensinaram que deve-se ser uma pessoa crítica (mesmo
sem saber o porque criticar), atualmente estamos ensinando a serem
empreendedores no jeito de ser, induzindo a criação de novas
possibilidades e transmitindo confiança para que que os discentes
sintam-se aptos a tomarem iniciativas que favoreçam o seu querer.
A
educação é o investimento para o futuro e a Pedagogia
Empreendedora, assim como outras pedagogias, tem o intuito de educar
para o Mercado de Trabalho, em busca do equilíbrio no Sistema
Social. Entretanto, pelos seus princípios, transforma o aluno em
protagonista da sua realidade, é ele responsável tanto pelo seu
sucesso como pelo seu fracasso.
Cabe
ressaltar que realmente seria gratificante se o espírito
empreendedor fosse voltado apenas para o bem coletivo. Talvez se o
Estado executasse suas obrigações com excelência e apenas
cumprisse com suas reais competências, o empreendedorismo
funcionaria de acordo com seu foco principal, idealizado há onze
anos atrás. Podendo influenciar positivamente uma democratização
do Sistema.
Assim
como Dolabela mencionou em sua entrevista, não é possível ter
grandes esperanças ao averiguar o cenário da Educação Brasileira.
Mesmo dez anos após o comentário do professor, fica nítido que o
presente da nossa situação escolar não deixa esperançoso o futuro
da nação.
REFERENCIA:
- entrevista de Fernando Dolabela sobre Pedagogia Empreendedora
- EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO: PROBLEMATIZANDO INTENTOS E RESULTADOS de Geórgia Cea